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Instituto Peregum participa do MozFest 2025, em Barcelona, como organização anfitriã do Projeto Griôtech

17 / 11 / 2025

Entre os dias 6 e 9 de novembro, o Instituto de Referência Negra Peregum esteve em Barcelona participando de um dos maiores festivais de tecnologia do mundo, o MozFest 2025. Neste ano, o Instituto atuou como organização anfitriã do Projeto Griôtech, iniciativa realizada em parceria com a Mozilla Foundation.

O projeto é inspirado na figura ancestral do Griô — guardião, narrador e transmissor dos saberes comunitários. A partir dessa referência, o Griôtech propõe uma articulação entre tecnologias digitais contemporâneas, como inteligência artificial, inovação colaborativa e metodologias participativas, e o fortalecimento das práticas culturais e dos conhecimentos produzidos por comunidades negras, periféricas e tradicionais. Seu propósito é construir um ecossistema digital inclusivo, que fomente autonomia tecnológica, soberania informacional e desenvolvimento sustentável.

Ao longo de 2025, o projeto foi acompanhado por Mayara Nunes, jornalista e integrante da Comunicação Institucional do Peregum, em colaboração com a pesquisadora e Mozilla Tech Fellow, Marcelle Chagas do Monte. Durante o festival, foi apresentando ao público internacional uma prévia dos resultados produzidos ao longo do ano.

Durante uma sessão coletiva, Marcelle Chagas apresentou os primeiros achados da pesquisa conduzida nos territórios da Aldeia Multiétnica Filhos Desta Terra (Guarulhos/SP) e do Quilombo do Bracuí (Angra dos Reis/RJ). A investigação buscou compreender como circulam informações e desinformações nesses contextos, como a inteligência artificial tem impactado grupos vulneráveis e de que forma as comunidades elaboram estratégias próprias de proteção, cuidado e comunicação. 

Tecnologia, ativismo e impacto social

A participação no MozFest foi marcada por um rico intercâmbio internacional de experiências e pela partilha dos caminhos que o Griôtech vem construindo para analisar fluxos informacionais, mapear vulnerabilidades e identificar oportunidades de fortalecimento comunitário diante dos desafios da desinformação e das novas tecnologias em países emergentes

Em sua avaliação sobre o festival, Mayara Nunes destacou a relevância do encontro:

“Foi uma grande oportunidade acompanhar o projeto Griôtech ao longo de 2025 e uma imensa alegria participar do MozFest para compartilhar os resultados que construímos durante o ano. Também foi muito potente vivenciar essa troca de insights sobre o ativismo tecnológico global e conhecer soluções criativas propostas por tecnologistas de diferentes áreas — desde aquelas voltadas a melhorias práticas do nosso cotidiano até as que nos provocam, sensibilizam e expandem nossos sentidos por meio da tecnologia. Saio deste festival cheia de inquietações, mas com a certeza de que é possível construir caminhos para um uso ético e humano da tecnologia, que nos torne mais sensíveis e atentos diante dos desafios sociais que estamos enfrentando.” — Mayara Nunes, jornalista do Instituto de Referência Negra Peregum.

A Mozilla Fellow Marcelle Chagas também celebrou o momento, ressaltando a importância da pesquisa:

“O Griôtech é uma criação conjunta do Instituto com a Mozilla Foundation. Tive o imenso prazer de participar de uma sessão para apresentar essa iniciativa, que busca analisar, especialmente em comunidades tradicionais do Rio de Janeiro e de São Paulo, os principais fluxos informacionais e desinformacionais, além das percepções e dos impactos da inteligência artificial sobre grupos vulneráveis no Brasil. Compartilhamos os principais insights dessa pesquisa, que será publicada em um relatório internacional chamado Territórios Digitais. Estamos muito felizes e empolgadas com essa oportunidade.” — Marcelle Chagas do Monte, Mozilla Fellow.

Rumo ao relatório “Territórios Digitais”

Os resultados apresentados no MozFest integrarão o relatório internacional Territórios Digitais, a ser lançado em breve. O documento reunirá análises, diagnósticos e recomendações para fortalecer práticas tecnológicas alinhadas à justiça racial, aos direitos humanos e à soberania informacional de comunidades tradicionais.

A pesquisa investiga os impactos da desinformação, as dinâmicas locais de circulação da informação e as percepções comunitárias sobre inteligência artificial, utilizando como referência metodológica o Observatório de gênero, raça e territorialidade na ciência. A partir desse mapeamento, busca-se identificar vulnerabilidades, reforçar estratégias de enfrentamento à desinformação e contribuir para o desenvolvimento de usos críticos, conscientes e contextualizados da tecnologia.

Com sua participação no festival, o Instituto Peregum reafirma seu compromisso com a construção de tecnologias que respeitem territorialidades, histórias e modos de vida — caminhos essenciais para futuros mais justos, inclusivos e humanos.