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Instituto Peregum e UNEafro Brasil realizam simulação da Conferência do Clima com juventude negra em Jacareí

1 / 09 / 2025

A COPinha promoveu mapeamento do racismo ambiental com jovens estudantes  do Núcleo Yabás, da UNEafro Brasil.

No dia 30 de agosto, o Instituto de Referência Negra Peregum realizou, em parceria com o cursinho popular Núcleo Yabás (Jacareí/SP), a edição piloto do Projeto COPinha — uma oficina formativa que conecta juventude, clima e justiça racial. A atividade integra o eixo Clima e Cidades da organização e reuniu jovens da UNEafro Brasil em um dia inteiro de aprendizado e ação coletiva.

Mapeando o racismo ambiental

O período da manhã foi dedicado a uma dinâmica de cartografia social, onde os jovens se transformaram em pesquisadores de seus próprios territórios. Em grupos, mapearam as injustiças ambientais que enfrentam no dia a dia, como acúmulo de lixo, enchentes e falta de saneamento básico, mas também registraram pontos de resistência e iniciativas comunitárias que mostram a potência da periferia.

Para cada situação identificada, eles classificaram se as soluções necessárias seriam de mitigação (ações para reduzir os impactos das mudanças climáticas) ou de adaptação (estratégias para lidar com seus efeitos já presentes).

Do Local ao Global: A Simulação da COP30

Na segunda parte da oficina, os jovens participam da Grande Negociação Climática da COPinha, uma simulação inspirada na Conferência das Partes (COP), realizada anualmente pela ONU. Divididos em delegações representando seus bairros, apresentaram demandas e propostas para melhoria das condições de vida nas comunidades.

A dinâmica reproduziu a lógica de negociação internacional: com alianças, debates e acordos, os participantes construíram coletivamente o “Acordo de Jacareí”, documento final com compromissos e soluções para enfrentar o racismo ambiental e as crises climáticas locais.

Entre as propostas apresentadas, estavam a criação de hortas comunitárias, programas de educação ambiental nas escolas, plantio de árvores em áreas de risco e melhorias de infraestrutura urbana, como saneamento básico e espaços de lazer para a juventude.

“A COPinha reúne a cartografia da Cartilha do Combate ao Racismo Ambiental, desenvolvida por pelo Instituto Peregum, e a simulação das negociações da Conferência do Clima. Essa dinâmica evidencia as desigualdades nas decisões, a ausência das comunidades tradicionais nesses espaços de poder e a importância de estarmos presentes como atores políticos, não apenas como objetos, mas como sujeitos ativos. Ao mesmo tempo, fomenta a construção de lideranças climáticas a partir da perspectiva do racismo ambiental e do movimento negro”, explica Mariana Teixeira, consultora pedagógica da área de Clima e Cidade.

A Grande Negociação

Enquanto alguns países e setores econômicos concentram poder de decisão e acesso ao financiamento climático, comunidades tradicionais, negras e periféricas seguem invisibilizadas, apesar de estarem na linha de frente da preservação das florestas, rios e mananciais e das tecnologias que oferecem soluções concretas

Na simulação da mesa de negociação, os jovens puderam experimentar, em escala local, a dinâmica que marca os grandes encontros internacionais do clima: disputas, alianças e acordos que nem sempre chegam ao que seria justo ou urgente para quem mais sofre com os impactos da crise climática. A COPinha revelou que as conferências globais também reproduzem racismo estrutural e desigualdades sociais na forma como se distribuem recursos e responsabilidades.

“A COPinha tem um papel pedagógico muito forte porque não se trata apenas de sonhar soluções. Quando os jovens vivenciam as negociações, também sentem na pele a frustração de perceber como interesses econômicos e desigualdades estruturais travam mudanças reais nas conferências oficiais. Essa experiência, ao mesmo tempo dura e necessária, mostra que precisamos ocupar esses espaços de decisão para que não continuemos de fora. É um aprendizado que prepara nossa juventude para enfrentar a realidade política do clima sem perder a capacidade de lutar por justiça.” destaca Maíra Silva, coordenadora da área de combate ao Racismo Ambiental, em Peregum. 

O Projeto “Copinha” é uma ação educativa do eixo Clima e Cidades do Instituto de Referência Negra Peregum, realizada com a juventude negra e periférica dos cursinhos populares da UNEafro Brasil. A ação tem como objetivo formar a juventude pelo clima, contra o racismo ambiental e por cidades mais justas, introduzindo os jovens na agenda de justiça climática. Este foi o primeiro de 3 encontros que devem acontecer nas próximas semanas em outros territórios onde estão localizados os núcleos da UNEafro Brasil.