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Combate ao Racismo Ambiental deve estar na prioridade do Ministério do Meio Ambiente do governo Lula, avaliam lideranças do Movimento Negro

22 / 11 / 2022
Notícia

Integrantes do Movimento Negro participaram da COP27. Movimento quilombola reafirma seu papel na preservação dos territórios

O combate ao racismo ambiental foi um dos destaques da COP27. Durante evento sobre o tema, entre as discussões, estavam a reivindicação da participação dos movimentos negro, quilombola e indígena na transição de governo no Brasil e a urgência em colocar o combate ao racismo entre as prioridades da próxima administração do país.

Douglas Belchior, cofundador da Uneafro Brasil e da Coalizão Negra Por Direitos, um dos palestrantes do evento, afirmou que a participação do Movimento Negro na COP27 objetiva passar o recado da resistência da população negra e dos quilombolas ao mundo.

“A crise ecológica é uma crise de justiça social. O que estamos falando, aqui, hoje, sobre os impactos do racismo ambiental é o que falamos sempre sobre desigualdade racial – estamos falando sobre vidas consideradas descartáveis. O presidente Lula tem agora a tarefa de levar adiante as urgências que estamos discutindo neste espaço, uma vez que foi eleito como contraponto ao governo de Bolsonaro”, disse.

Além de Belchior, a diretora do Instituto de Referência Negra Peregum e advogada da Coalizão Negra Por Direitos, Sheila de Carvalho, também foi uma das porta-vozes no evento. Ela relembrou que a temática do racismo ambiental já é antiga, e que é preciso ver ações efetivas no próximo governo Lula.

“A degradação ambiental e a exploração do espaço têm uma origem racial e vêm junto com a exploração histórica dos corpos negros. Essa origem catastrófica impacta muito mais a população negra até hoje, seja pela perda da vida ou perda de direitos que são impossíveis de mensurar. Trazer essa temática aqui é ouvir as vozes silenciadas do Sul Global”, avalia.

Sheila também lembrou do conceito de “zonas de sacrifício” na perspectiva ambiental, que são lugares insalubres para saúde física e mental, com violações de direitos humanos, e com muita degradação ambiental e muita poluição. “Em um relatório da ONU, que as contribuições da Coalizão Negra Por Direitos foram incorporadas, a relatora trouxe o termo ‘zonas de sacrifício raciais’ e devemos levar em conta esse conceito no debate do racismo ambiental, uma vez que são os negros que mais sofrem nessas regiões, seja no campo ou nos grandes centros”, acrescenta.

Pela CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), também participaram Biko Rodrigues e Kátia Penha, que levaram a importância dessas comunidades, que são linha de frente na resistência climática e muito mais atingidas, para o debate na Conferência.

“É desigual nós discutirmos no mesmo patamar com os 10% que mais destroem o meio ambiente, sendo que nós não degradamos, nós protegemos. Precisamos estar em todas as pastas na transição do governo, incluindo o Ministério do Meio Ambiente: uma vez que a boiada passou, sob autorização de um governo, agora, nós precisamos reestruturar, reivindicou Kátia Penha, que é Diretora de Projeto da Associação Nacional Cooperação Técnica Negra Anastácia.